Um número de fatores e hábitos pessoais tem mostrado ter um impacto negativo na saúde geral e capacidade reprodutiva. Envelhecimento, obesidade, sedentarismo, tabagismo, stress, entre outros, influenciam a saúde geral e o bem estar, que indiretamente afetam a reprodução por alterar o comportamento sexual.
O envelhecimento parece ter um modesto efeito na fertilidade masculina, quando comparado com a fertilidade feminina. A frequência de anomalias cromossômicas no esperma aumentam com a idade. Existe uma modesta, mas progressiva, diminuição no número de células de Leydig, níveis de testosterona, e motilidade espermática, além de um aumento no tempo para iniciar uma gravidez após os 50 anos.
A obesidade tem sido associada a uma variedade de desordens em homens e mulheres, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes, certos cânceres, e diminuição da fertilidade. Estudos populacionais têm evidenciado uma relação inversa entre as taxas de fertilidade e o índice de massa corporal (IMC). Obesidade tem sido associada a uma diminuição da densidade espermática e um aumento no índice de fragmentação do DNA, além de diminuição dos níveis de testosterona devido a aromatização periférica de andrógenos em estradiol, o que leva a uma diminuição da espermatogênese.
O consumo pesado de álcool , ao longo do tempo, resulta em disfunção erétil, diminuição da libido e ginecomastia. Sugere-se que o álcool exerce um efeito no eixo hipotálamo-gônada resultando em disfunção testicular, ocasionando alterações hormonais que levam a diminuição da motilidade e densidade espermática. O álcool reduz os níveis de antioxidantes do corpo resultando em um aumento no stress oxidativo. Elevados níveis de espécies reativas de oxigênio estão associados com diminuição da motilidade espermática. Não existe evidência de que o consumo leve de álcool afete a fertilidade.
A maconha diminui a densidade, motilidade e morfologia espermática. O ópio causa uma diminuição da libido e disfunção erétil, por suprimir a secreção de GnRH, resultando em diminuição dos níveis de LH e testosterona circulantes. O abuso de cocaína causa disfunção erétil, enquanto anfetamina pode causar perda da libido.
O tabagismo tem sido associado com diminuição da fertilidade em muitos estudos. Em homens, o tabagismo afeta negativamente a produção, motilidade e morfologia espermática, reduzindo inclusive as taxas de sucesso dos procedimentos de fertilização in-vitro e injeção intracitoplasmática de espermatozóides .Os mecanismos pelos quais o tabagismo afeta a qualidade do sêmen ainda não são totalmente compreendidos.É estimado que a combustão do tabaco produz em torno de 4000 compostos. Mais de 30 destes compostos são mutagênicos e/ou carcinogênicos em diferentes sistemas.
O crescente aumento do uso de telefones celulares tem levado a uma maior preocupação no que diz respeito à emissão de ondas eletromagnéticas levando a efeitos deletérios na fertilidade. Recentes estudos observacionais, in-vivo e in-vitro, têm mostrado uma diminuição dose-dependente na densidade, motilidade, vitalidade e morfologia espermática. Se estes efeitos são clinicamente importantes, ou se são secundários especificamente ao mecanismo das ondas eletromagnéticas,ou a um aumento da temperatura local,ainda não esta bem claro.
Tem sido mostrado que a hipertermia testicular impede a espermatogênese e impacta negativamente na fertilidade masculina
O uso de laptops, sem uma proteção , muito próximo aos testículos , pode provocar dano à fertilidade. O uso frequente de saunas, jacuzzis e ofurôs (banhos quentes de imersão) podem causar um declínio na qualidade do sêmen. Um estudo em que os pacientes foram submetidos a hipertermia úmida, a descontinuidade da exposição à hipertermia resultou em retorno aos parâmetros normais na metade dos pacientes.
O uso de esteroides anabolizantes por profissionais e atletas amadores tem crescido. Estes agentes podem causar um efeito devastador na fertilidade. Assim como a terapia de reposição de testosterona, estes agentes podem levar a um quadro de azoospermia(ausência total de espermatozoides no ejaculado). A recuperação da função hormonal, nem sempre, ocorre após a descontinuação destes agentes.
O uso indiscriminado de medicamentos, muitas vezes utilizados corriqueiramente,sem orientação médica, podem levar a alterações na fertilidade . A finasterida (utilizado para prevenir a queda de cabelo e hipertrofia prostática), alguns antibióticos (tetraciclina, eritromicina), antihipertensivos (beta-bloquadores,tiazídicos), tadalafil(utilizado para disfunção erétil), cimetidina(utilizado para úlcera gástrica), colchicina e alopurinol (utilizados para tratar gota), podem alterar a qualidade do sêmen.
Concluindo, sua saúde reprodutiva reflete sua saúde geral. Por isso evite ter filhos com idade mais avançada, combata a obesidade e sedentarismo através de uma dieta equilibrada e atividades físicas regulares, evite o consumo exagerado de álcool, pare de fumar, evite o uso de drogas ilícitas, evite estar em ambientes muito quentes e evite o uso de medicamentos sem orientação médica .
Brukner JV, Fenig DM and Lipshultz LI. Adverse effects of environmental chemicals and drugs on the male reproductive system. Infertility in the Male 2009; Cap 14: 226-250.